domingo, 21 de novembro de 2010

Jean Paul Gaultier - Um divórcio a francesa! por Itaguaçu Ferreira

                          Um dos criadores mais reconhecidos da alta costura, Jean Paul Gaultier (58) depois de sete anos e treze temporadas acaba de deixar a Maison Hermés, considerada a casa de "marroquineria" mais luxuosa do mundo. Gaultier será substituído por Christophe Lemaire que deixa a Lacoste e Nova Iorque e muda de mala e cuia para Paris.
                          É a roda viva de substituições nas grandes Maisons assoladas pela crise econômica apesar de não admitirem isso. Gaultier pretende dar maior atenção a projetos pessoais daqui para a frente. Minha saída da Hermés, declara o estilista, segue o mesmo roteiro de uma história de amor! Quando comecei, não existia obrigações com a marca. Conhecia Damas, nem mesmo era uma questão financeira, meu desafio era saber o que eu poderia fazer pela Hermés. Na vida a dois existem várias etapas, a dos três anos, a dos sete e a dos treze anos.e ai a separação. Acho que este era o momento, momento para centrar minhas atenções no prét-à-porter e na alta costura!
                         Gaultier tem projetos com o cinema e a música e também pretende desenhar móveis. Difícil será conjugar horário e tempo para tudo isso. Mas ha que criar tempo também, porque os tempos mudaram, não são mais tão fáceis como antes, é preciso arrumar tangentes para manter padrões e equipes.  Hoje no mundo existe uma saturação de marcas e revistas, e mais roupa do que gente para consumi-las. Todos os grandes nomes da moda sabem que o futuro não será tão fácil como lhes foi até hoje.
                         Agora é a hora de aguçar a criatividade e arrumar estratégias de saída, é momento de pensar no que necessita o consumidor, é hora de colocar em prática o exercício de pensar em formas passivas. Olhar mais para o comportamento das ruas para os problemas sócio, politicos e econômicos.
                         Vivemos um mercado saturado até mesmo de faculdades de moda (Gaultier nunca foi a uma universidade), são excelentes em termos de ter dado uma sustenção mais profunda a moda, mas em contra partida anualmente colocam no mercado um número excessivo de péssimos profissionais, inseguros e sem conhecimento de mercado e outros excelentes que buscam e sabem o que querem. Fazer faculdade de moda virou moda, este é o problema. Fazer moda hoje não é uma missão é um delírio que não podemos comparar a uma cadeira de arquiteutra, medicina e outras.
                          Todos sabemos a precariedade do ensino no Brasil e na moda é extremamente falho, pode até ter faculdades mais rígidas, mas as que conheço e participo de bancas deixam muito a desejar.


                          Vivemos num mercado como diz Gaultier: É preciso trazer muita adrenalina para criar novas idéias. Já a algum tempo grandes nomes da costura vem tendo problemas, sustentados por governos, nomes que desapareceram do circuito fashion, que trocaram as suas atividades, nomes que hoje se dedicam a acessórios, montar e administrar fundações e outros que se retiram para viver com o que ganharam enquanto é cedo. Sempre digo que aproveitem enquanto a cortina estiver aberta e houver aplausos, porque depois que ela fechar, difícil saber o que acontece. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário